Por que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável parecem tão distantes?

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU são uma série de objetivos, metas e indicadores em direção a um desenvolvimento sustentável da nossa sociedade até 2030.

São temas como erradicação da pobreza, redução de desigualdades, educação de qualidade, preservação da vida terrestre, combate à mudança climática, etc.

Apesar de apontarem uma visão do que precisa de acontecer, o progresso ao longo dos últimos anos tem sido decepcionante. 

E um dos principais motivos é que nos faltam capacidades interiores para lidar com o nosso ambiente e seus desafios cada vez mais complexos.

Inner Development Goals

Os Inner Development Goals (IDGs) foram desenvolvidos como um framework de competências transformadoras para o desenvolvimento sustentável.

A atual estrutura dos IDGs representa 5 dimensões e 23 competências e qualidades que são especialmente cruciais para líderes que lidam com os ODSs.

O framework dos IDGs se divide da seguinte forma:

1. Ser

A primeira dimensão dos IDGs trata do relacionamento de um indivíduo consigo mesmo. Cultivar nossa vida interior, desenvolver e aprofundar nosso relacionamento com nossos pensamentos, sentimentos e corpo nos ajudam a estarmos presentes, intencionais e não reativos quando enfrentamos a complexidade.

  • Bússola Interna: Ter um profundo senso de responsabilidade e compromisso com valores e propósitos relacionados ao bem comum.
  • Integridade e Autenticidade: Compromisso e capacidade de agir com sinceridade, honestidade e integridade.
  • Abertura e Mentalidade de Aprendiz: Ter uma mentalidade básica de curiosidade e vontade de ser vulnerável, abraçar a mudança e crescer.
  • Autoconsciência: Capacidade de estar em contato com os próprios pensamentos, sentimentos e desejos; ter uma autoimagem realista e capacidade de se regular.
  • Presença: Capacidade de estar no aqui e agora, sem julgamento e em um estado de presença aberta.

2. Pensar

A segunda dimensão trata das habilidades cognitivas. Desenvolver nossas habilidades cognitivas assumindo diferentes perspectivas, avaliando informações e dando sentido ao mundo como um todo interconectado, é essencial para uma tomada de decisão sábia.

  • Pensamento Crítico: Habilidade de revisar criticamente a validade de pontos de vista, evidências e planos.
  • Consciência da Complexidade: Compreensão e habilidades para trabalhar com condições e causalidades complexas e sistêmicas.
  • Olhar de Perspectiva: Habilidades em buscar, entender e fazer uso ativo de insights a partir de perspectivas contrastantes.
  • Fazer Sentido: Habilidades de ver padrões, estruturar o desconhecido e ser capaz de criar histórias conscientemente.
  • Visão de Longo Prazo: Orientação de longo prazo e capacidade de formular e sustentar o compromisso com as visões relacionadas ao contexto mais amplo.

3.  Relacionar-se

A terceira dimensão dos IDGs fala sobre importar-se com o outro e com o mundo. Apreciar, cuidar e sentir-se conectado a outros, tais como vizinhos, gerações futuras ou a biosfera, ajuda-nos a criar sistemas e sociedades mais justos e sustentáveis para todos.

  • Apreciação: Relacionar-se com os outros e com o mundo com um senso básico de apreciação, gratidão e alegria.
  • Conexão: Ter um senso aguçado de estar conectado e/ou fazer parte de um todo maior, como uma comunidade, humanidade ou ecossistema global.
  • Humildade: Ser capaz de agir de acordo com as necessidades da situação sem se preocupar com a própria importância.
  • Empatia e Compaixão: Capacidade de se relacionar com os outros, consigo e com a natureza com bondade, empatia e compaixão e lidar com o sofrimento relacionado.

4. Colaborar

A quarta dimensão fala sobre habilidades sociais. Para progredir nas preocupações compartilhadas, precisamos desenvolver nossas habilidades para incluir, sustentar espaços e comunicar com stakeholders com diferentes valores, habilidades e competências.

  • Comunicação: Capacidade de realmente ouvir os outros, promover um diálogo genuíno, defender suas próprias opiniões com habilidade, gerenciar conflitos de forma construtiva e adaptar a comunicação a diversos grupos.
  • Cocriação: Competências e motivação para construir, desenvolver e facilitar relações colaborativas com diversos stakeholders, caracterizadas pela segurança psicológica e cocriação genuína.
  • Mentalidade Inclusiva e Competência Intercultural: Disposição e competência para abraçar a diversidade e incluir pessoas e coletivos com diferentes visões e origens.
  • Confiança: Capacidade de demonstrar confiança, de criar e manter relações de confiança.
  • Habilidades de Mobilização: Habilidades em inspirar e mobilizar outros para se engajarem em propósitos compartilhados.

5. Agir

A quinta é última dimensão fala sobre possibilitar mudanças. Qualidades como coragem e otimismo nos ajudam a adquirir verdadeiro protagonismo, quebrar velhos padrões, gerar ideias originais e agir com persistência em tempos incertos.

  • Coragem: Capacidade de defender valores, tomar decisões, tomar medidas decisivas e, se necessário, desafiar e romper estruturas e visões existentes.
  • Criatividade: Capacidade de gerar e desenvolver ideias originais, inovar e estar disposto a romper com padrões convencionais.
  • Otimismo: Capacidade de sustentar e comunicar um sentimento de esperança, atitude positiva e confiança na possibilidade de mudanças significativas.
  • Perseverança: Capacidade de manter o engajamento e permanecer determinado e paciente, mesmo quando os esforços levam muito tempo para dar frutos.

E como isso afeta as empresas e o ESG?

Lideranças desenvolvidas e alinhadas aos ODSs e IDGs podem criar melhores políticas e estruturas ESG e integrá-las em toda a organização, garantindo uma consistência de mensagens e execução em cada linha de estratégias e negócios.

Dessa forma essas lideranças podem servir como representantes da pauta, articulando aos stakeholders como o ESG permeia todos os níveis da organização.

Podendo também envolver parceiros externos, como fornecedores, para ajudá-los a criar estratégias de negócios mais sustentáveis ​​para suas próprias organizações.

A construção de um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo requer um desenvolvimento conjunto de pessoas e organizações.

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Flavia Feliz

Premiada como Empreendedora Curitibana 2021, Flavia é uma brasileira com foco no impacto social motivada pela possibilidade de contribuir com algo maior do que o seu próprio ser. Com mais de 12 anos de experiência em projetos de impacto social em instituições públicas, organizações sem fins lucrativos, empresas e universidades, ela teve experiências internacionais anteriores no Brasil, Itália, Ilhas Maurício e Estados Unidos. Dedica seus estudos e carreira para entender como atingir um equilíbrio do triple bottom line (campo social, econômico e ambiental) e colocar sua energia a serviço do todo, levando em consideração o desenvolvimento econômico justo e o cuidado sustentável da natureza, na qual todos estamos inseridos. Flavia é Mestre em Ciências em Empreendedorismo Social pela University of Southern California, onde também foi Diretora de Conexões Internacionais da MSSE Student Association. Possui graduação em Relações Públicas (UFPR – Brasil), especialização em Empreendedorismo Social e Negócios Sociais (FAE Business School – Brasil) e certificações em Gestão Estratégica e Marketing Internacional (Universidade de La Verne – EUA) e PMD Pro – Project Management for Development Professionals (APMG International). Foi professora visitante do curso de pós-graduação da FAE Business School na disciplina de Captação de Recursos e Coordenadora Acadêmica do primeiro curso de pós-graduação em Empreendedorismo Social do Brasil na modalidade a distância, do Instituto Legado e da FESP.

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