No atual ambiente de negócios, as práticas de ESG e Sustentabilidade deixaram de ser apenas diferenciais estratégicos e passaram a ser essenciais para a competitividade e longevidade das empresas.
No Brasil, especialmente para organizações de médio e grande porte, o desafio está em atender às expectativas de stakeholders e se adaptar a novas regulamentações e padrões globais que estão transformando como o desempenho socioambiental é medido e comunicado.
O Cenário Político e o ESG
O cenário político global e nacional desempenha um papel decisivo na evolução das práticas ESG (Environmental, Social, and Governance). Governos, regulações e acordos multilaterais moldam o ritmo e a intensidade com que empresas e setores inteiros integram critérios ESG em suas estratégias.
Em nível global, compromissos como o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU pressionam tanto o setor público quanto o privado a adotar ações ambiciosas de mitigação climática e inclusão social. Ao mesmo tempo, nações desenvolvidas e em desenvolvimento enfrentam o desafio de alinhar interesses econômicos e ambientais em meio a crises climáticas e demandas crescentes por transparência e responsabilidade corporativa.
No Brasil, o avanço em políticas ESG ganhou impulso com a publicação da Resolução 193 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que posiciona o país como pioneiro na adoção dos padrões internacionais de sustentabilidade do ISSB (International Sustainability Standards Board). Além disso, iniciativas como o fortalecimento do Fundo Amazônia e as políticas de combate ao desmatamento demonstram o potencial do país em se destacar como um líder em conservação ambiental e economia regenerativa, desde que os compromissos se traduzam em ações concretas.
O fortalecimento de regulamentações ESG tem implicações diretas para o setor privado. Empresas que antecipam tendências e alinham suas operações aos novos padrões regulatórios podem mitigar riscos, acessar mercados internacionais mais exigentes e atrair capital de investidores focados em sustentabilidade. Por outro lado, a instabilidade política ou o descompasso entre discurso e prática podem prejudicar a competitividade das organizações e a imagem do país no cenário internacional. Nesse contexto, a capacidade de mapear e se adaptar rapidamente às mudanças no ambiente regulatório se torna uma vantagem competitiva essencial.
Adoção das Normas IFRS
Desde a publicação da Resolução 193 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no final de 2023, o Brasil tornou-se pioneiro na exigência de padrões IFRS, desenvolvidos pelo International Sustainability Standards Board (ISSB). Essa iniciativa coloca o país na vanguarda no quesito transparência em relatórios de sustentabilidade.
Uma das principais inovações trazidas pelos padrões IFRS é a integração entre dados financeiros e não financeiros nos relatórios corporativos. Essa conexão exige que as empresas quantifiquem os riscos socioambientais em termos financeiros, algo que antes era tratado apenas teoricamente.
Prevista para entrar em vigor em janeiro de 2027, exige que as empresas revisem profundamente seus modelos de negócios. Essa mudança implica:
- Avaliar como as mudanças climáticas impactam os custos operacionais.
- Identificar oportunidades econômicas em iniciativas sustentáveis.
- Demonstrar aos investidores como as práticas ESG influenciam diretamente os resultados financeiros.
Esse processo não deve ser visto apenas como uma obrigação regulatória, mas como uma oportunidade para as empresas se posicionarem estrategicamente no mercado.
Mas atenção, o prazo de 2027 é para a publicação do relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade de acordo com os padrões internacionais IFRS S1 e S2, estabelecidos pelo International Sustainability Standards Board (ISSB). Embora algumas empresas possam adotar o padrão de forma voluntária a partir de 2024.
Mudanças Climáticas
A crise climática continua a ganhar relevância como o maior desafio global do nosso tempo. No Brasil, a urgência é ainda mais evidente devido à relevância de setores como o agronegócio, a energia e a indústria, que sustentam grande parte da economia nacional e têm impactos significativos nas emissões de carbono e na preservação ambiental.
A COP28, realizada em Dubai, destacou o papel das economias emergentes, como o Brasil, na mitigação das mudanças climáticas. Entre os compromissos discutidos, a descarbonização das cadeias produtivas, o combate ao desmatamento ilegal e o avanço nas energias renováveis surgiram como prioridades. No Brasil, ações nesse sentido são e essenciais para manter sua competitividade no cenário global.
Entre as prioridades estão:
- Descarbonização: Redução de emissões diretas e indiretas nas operações por meio de transporte sustentável, agricultura de baixo carbono, eficiência energética e tecnologias como manejo sustentável e captura e armazenamento de carbono.
- Energia renovável: Ampliação da matriz energética limpa, com maior investimento em energia solar, eólica e biomassa, além da modernização das hidrelétricas.
- Adaptação climática: Criação de infraestrutura resiliente para enfrentar eventos extremos, como secas e enchentes, que afetam tanto áreas urbanas quanto rurais.
Yeb Sano, ativista climático, reforça que “o ESG precisa ir além de medidas e relatórios; é preciso ter ações concretas para reduzir emissões”. Para as empresas brasileiras, isso significa alinhar suas estratégias às metas globais de descarbonização, como as estabelecidas no Acordo de Paris, ao mesmo tempo em que enfrentam desafios locais, como a preservação da Amazônia e o combate à vulnerabilidade socioeconômica em comunidades impactadas.
O Brasil, que possui vastos recursos naturais e um potencial único de liderar a transição para uma economia de baixo carbono, precisa equilibrar suas demandas econômicas com práticas sustentáveis, visando cumprir compromissos internacionais e construir um futuro mais resiliente e justo.
Gestão ESG na Cadeia de Valor
No Brasil, onde setores como agronegócio, mineração e indústria possuem cadeias de valor complexas e extensas, a gestão ESG integrada se torna crucial para enfrentar os desafios globais e atender às demandas dos stakeholders. A sustentabilidade corporativa não pode se limitar às operações internas, ela precisa abarcar toda a cadeia de valor, desde fornecedores até o impacto no consumidor final. Isso inclui:
- Transparência: Implantar sistemas de monitoramento que identifiquem impactos ambientais e sociais em toda a cadeia, garantindo o rastreamento da origem de matérias-primas e a conformidade com padrões éticos e ambientais, com foco especial no combate ao desmatamento e ao trabalho análogo à escravidão.
- Engajamento com fornecedores: Estabelecer parcerias para capacitar e incentivar fornecedores a adotar práticas mais sustentáveis, criando programas de certificação e reconhecimento.
- Criação de valor compartilhado: Transformar desafios em oportunidades econômicas, promovendo inovação e gerando benefícios ambientais, sociais e financeiros.
Empresas que adotam uma abordagem holística na gestão ESG de suas cadeias de valor aumentam sua resiliência e reputação e conquistam consumidores dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis e investidores que buscam comprometimento com critérios ambientais, sociais e de governança. No Brasil, investir na cadeia de valor sustentável é mais do que uma tendência: é uma necessidade estratégica para liderar mercados em um mundo cada vez mais exigente.
O Paradigma da Regeneração
O ESG tradicional concentra-se em mitigar impactos negativos das operações empresariais. Já o ESG Regenerativo amplia essa visão ao integrar princípios da economia circular e estratégias de design regenerativo, promovendo sistemas que restauram e revitalizam recursos naturais e sociais, gerando impacto positivo duradouro.
Segundo Christiana Figueres, ex-secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, ‘precisamos de uma abordagem regenerativa que não apenas minimize danos, mas que ativamente restaure a saúde do nosso planeta’.
Para o Brasil, o ESG Regenerativo apresenta oportunidades significativas.
A agricultura regenerativa, por exemplo, é um segmento em ascensão global, com projeções de que se adotado em larga escala, até 2030, poderia gerar negócios de U$ 1,4 trilhão, por ano, e criar 62 milhões de postos de trabalho.
Negócios regenerativos buscam revitalizar e enriquecer os sistemas naturais e sociais, promovendo uma integração harmônica entre desenvolvimento humano e os limites planetários. Por meio de práticas inovadoras e colaborativas, as empresas podem adotar abordagens que geram impacto positivo em várias dimensões. Exemplos incluem:
- Fortalecimento das Comunidades: Regeneração não é apenas sobre o meio ambiente, mas também sobre as pessoas. Empresas podem cocriar oportunidades com comunidades locais, investindo em educação, infraestrutura sustentável e geração de renda. Isso garante bem-estar econômico e social de longo prazo, fortalecendo a resiliência comunitária e promovendo justiça social.
- Economia Circular: Ao integrar os princípios da economia circular com critérios ESG, as empresas podem desenhar produtos e sistemas que eliminem o conceito de lixo, criando fluxos fechados de materiais. Essa abordagem vai além da reciclagem tradicional, promovendo inovação no design para reutilização, reparação e remanufatura. Além de preservar o valor dos materiais, esse modelo gera empregos e estimula economias locais.
- Sistemas Econômicos Equitativos: Regenerar a economia exige a construção de sistemas inclusivos e justos, que promovam acessibilidade e distribuição equilibrada de oportunidades. Isso inclui o desenvolvimento de políticas públicas e parcerias empresariais que incentivem o acesso a financiamento, educação e infraestrutura básica, especialmente para comunidades marginalizadas.
- Inovando com Biomimética: Ciência que se inspira nos processos da natureza, é essencial para inovação regenerativa. Ao aplicar soluções baseadas em sistemas naturais, empresas podem desenvolver produtos e processos que seguem a lógica da vida, criando ciclos sustentáveis e eficientes. O design regenerativo, por sua vez, prioriza a durabilidade, a modularidade e a reparabilidade, contribuindo para a longevidade dos recursos e a redução de resíduos.
Práticas regenerativas representam uma transformação cultural e estratégica. Empresas que adotam essa visão atendem às demandas globais de sustentabilidade enquanto lideram a transição para uma economia que beneficia o planeta e as pessoas de forma equitativa.
A regeneração está ganhando relevância globalmente como uma abordagem mais profunda e ativa. Cada vez mais, empresas e organizações ao redor do mundo estão percebendo que é preciso ir além da sustentabilidade: precisamos de práticas que regeneram ecossistemas e estabeleçam equilíbrios perdidos.
A We.Flow se alinha a esse movimento global, comprometendo-se em renovar e transformar continuamente os ambientes e comunidades em que atuamos.
E hoje, convidamos você e sua empresa a fazerem parte desse movimento global da regeneração. O futuro espera por lideranças que transformem desafios em oportunidades e façam da sustentabilidade o coração de seus negócios.
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