Serviço significa alinhar nossas decisões, comportamentos e ações para beneficiar toda a humanidade. Basicamente significa nos colocarmos à disposição para servir aos outros, em alinhamento com nossa intenção mais elevada. Nesse nível, tomamos consciência de nossa interdependência, que é um componente-chave para estarmos verdadeiramente à serviço. Quando duas coisas ou seres são interdependentes, significa simplesmente que são dependentes um do outro, assim como qualquer um de nós depende de outras pessoas para sobreviver, lutar, viver e evoluir.
Para ilustrar isso, pense em algo material de que você realmente gosta ou ao qual é muito apegado(a). Pode ser sua casa, seu carro, um brinquedo, uma lembrança, um livro ou até mesmo comida, como um chocolate ou uma fruta. Agora rastreie todo o processo que o produziu e o levou até você. Você descobrirá que uma grande quantidade de pessoas, tecnologias e equipamentos são necessários para satisfazer as suas próprias necessidades. E você sentirá e compreenderá o que é interdependência. A interdependência exige que coloquemos em prática nossa humanidade mais profunda, expandindo nosso sentimento de interconexão, cultivando nossa capacidade de altruísmo e nos abrindo para a essência da felicidade. E podemos acessar tudo isso quando nos permitimos estar à serviço da evolução de nós mesmos, dos outros, da natureza e do todo.
Outro componente essencial do serviço é ser capaz de receber. Melhor ainda, todos nós precisamos nos abrir para a virtude universal de dar e receber. Quanto mais damos, compartilhamos e servimos, mais recebemos de outras pessoas, do planeta e do universo. Pode ser amor, carinho, paz, ajuda, orientação, dinheiro, entre muitos outros. E não há nada mais natural do que isso, porque é assim que a natureza funciona. Cada planta, cada animal, cada ser dá e recebe de e para o todo. Então, quando servimos, preparamos o solo, damos as condições necessárias, garantimos que o todo seja fértil, e criamos as condições para que as sementes que damos gentilmente nasçam, cresçam, floresçam e ofereçam seus frutos não só para nós mesmos, mas para todos que estão prontos para colhê-los. Se estivermos abertos a dar e permitir que outros recebam, ficamos prontos para receber. Só podemos reconhecer algo que conhecemos e só podemos saber o que experimentamos. E esse tipo de experiência exige que estejamos lá inteiro(a)s, inteiramente presentes com nossa mente, nosso coração e nossa vontade.
Nesse sentido, ao incorporar a consciência da interdependência e a virtude de dar e receber, nos damos a oportunidade de trazer nossa presença ao momento que vivemos. E estar presente amplia nosso poder de escuta, tanto do nosso próprio coração quanto do outro, e permite que nossa mente perceba a profunda conexão que existe entre todos os seres, abrindo nossa perceptividade, inventividade e criatividade. E isso abre caminho para reconhecermos oportunidades de gerar impacto positivo no mundo. O amor e todas as virtudes que existem em nós se expandem conforme nossa consciência se expande. Sem estar presentes, cooperando e experimentando a interdependência, não podemos reconhecer como o serviço afeta fortemente nossas vidas, quer estejamos dando ou recebendo. E quanto mais reconhecemos o servir no outro, no todo, como uma extensão de nós mesmos, mais isso se torna natural, ultrapassando os limites de nossos laços de sangue e formas humanas. Nós nos reconhecemos nos outros, na natureza, na vida, no todo. Experimentamos a equanimidade.
O evolucionista Martin Nowakand disse que:
“A cooperação é o arquiteto de criatividade ao longo da evolução. Sem cooperação não há construção, nem complexidade, nem evolução. A cooperação, não [apenas] a competição, estimula a inovação”.
\r\nPortanto, o que se observa é que servir ao próximo potencializa os benefícios de nossa mútua interdependência, devolvendo em nós cada vez mais a capacidade de perceber, criar e agir gerando impacto positivo no mundo. Um ciclo virtuoso benéfico e holístico, que está totalmente disponível para qualquer um de nós a qualquer momento.
E sempre que as condições se tornam mais complexas e ameaçadoras, cooperamos para formar entidades capazes de lidar com essa complexidade e ameaça. Nós, humanos, por exemplo, formamos tribos, vilas, cidades, estados, países e instituições globais quando nossas oportunidades e desafios não podem mais ser explorados ou resolvidos pela forma como foram tratados atualmente, por exemplo. A cooperação é, portanto, uma condição fundamental para que a vida prospere. Nossa existência, desenvolvimento, felicidade e bem-estar dependem, então, de atender às nossas necessidades e exibir virtudes como empatia, compaixão, generosidade e altruísmo. O altruísmo, a propósito, é uma virtude digna de nossa atenção e energia, como uma porta de entrada para promover nossa jornada de serviço.
O altruísmo foi corroborado nos últimos anos por extensas pesquisas em psicologia e neurociência. Há uma infinidade de dados que mostram que, quando as pessoas se envolvem em comportamentos generosos e altruístas, elas ativam circuitos no cérebro que são essenciais para promover um bem-estar duradouro. O documentário “A revolução do altruísmo”, por exemplo, é uma reflexão profunda sobre como a cooperação e o altruísmo são uma parte essencial de nossa natureza humana, sendo mais dominante do que o interesse próprio. Pode parecer contra-intuitivo, já que a grande maioria das pessoas está imersa em uma realidade fortemente baseada na competitividade e no individualismo, mas diversos estudos descobriram que o primeiro impulso das pessoas é cooperar em vez de competir.
Em suma, quando nos permitimos estar presentes no momento para servir de maneira cooperativa e altruísta, experimentamos a equanimidade da interdependência e a lei universal de dar e receber, gerando impacto positivo, bem-estar e felicidade não só para nós, mas para todos os seres em nosso planeta e acima. A palavra grega Eudaimonia, comumente traduzida como \’bem-estar\’ ou \’felicidade\’, significa etimologicamente “eu que tenho o poder divino”. Basicamente, significa que todos temos em nós tudo de que precisamos para ser felizes, todos temos esse poder, esse potencial divino e compartilhado coletivamente para viver uma bem-aventurança eterna. Portanto, para sermos felizes, só precisamos… ser felizes. Como Mahatma Gandhi disse uma vez:
“Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia ”.
\r\nPara trazer essa bênção para nossas próprias vidas, podemos simplesmente começar a nos colocar em uma posição de servir a nosso verdadeiro eu, aos outros e ao planeta. Todo o resto surge naturalmente à medida que caminhamos em nossa jornada. Perceber, estar atento e trilhar essa jornada conscientemente, todos os dias, mudou completamente nossas vidas. E a vida de tantas pessoas incríveis com as quais tivemos a honra de ajudar, orientar, vivenciar, trabalhar e co-criar.
Vamos fluir, juntos, por um mundo melhor !!!