ESG em Crise? O Modelo Tradicional Não Funcionou?

Nos últimos anos, o ESG emergiu como uma promessa transformadora para alinhar os negócios com impacto positivo. Mas o que começou como uma revolução silenciosa no mundo empresarial agora enfrenta uma onda de resistência: a era anti-ESG.

E isso levanta uma questão importante: por que isso aconteceu? 

Mais crucial ainda é nos perguntarmos: como podemos seguir em frente de forma prática e relevante?

O ESG Tradicional e Seus Desafios

O ESG surgiu como uma resposta à crescente demanda por práticas empresariais mais responsáveis. Investidores, consumidores e governos passaram a exigir que as empresas considerassem não somente o lucro, mas também seu impacto no meio ambiente, na sociedade e na governança corporativa

No entanto, o modelo atual de ESG enfrenta desafios que não podem ser ignorados:

  • Falta de Padronização de Métricas
    A ausência de padrões universais para medir o desempenho ESG criou um cenário confuso, cheio de métricas inconsistentes. Isso dificulta comparar o impacto real das empresas, gerando incertezas sobre a efetividade das práticas ESG.
  • Greenwashing e Performativismo
    Muitas empresas aderiram ao ESG apenas para cumprir expectativas de mercado, utilizando campanhas publicitárias inspiradoras, mas vazias de ações concretas. Isso resultou em desconfiança entre investidores e consumidores.
  • Resultados Insuficientes
    Apesar do crescimento dos investimentos em ESG, práticas superficiais sem resultados claros levantaram dúvidas sobre a eficácia do modelo tradicional.
  • Polarização Política
    O ESG se tornou um tema polarizado, com críticos conservadores acusando empresas de priorizarem agendas progressistas em detrimento do lucro.

Os Problemas Persistem

Apesar das críticas, os problemas que o ESG busca solucionar continuam crescendo. Mudanças climáticas, perda de biodiversidade, desigualdade social e corrupção são desafios urgentes.

  • 2024 foi o primeiro ano em que a temperatura média global chegou a 1,6ºC acima dos níveis pré-industriais, ultrapassando o limite crítico de 1,5ºC definido pelo Acordo de Paris.
  • A instabilidade climática já reflete no preço dos alimentos, café, laranja e azeite são alguns dos principais exemplos. De acordo com um estudo divulgado na revista Nature, os eventos climáticos podem gerar uma inflação que eleva os preços dos alimentos em até 3% ao ano até 2035. 
  • Em 2024, o Brasil registrou sua pior posição histórica no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), elaborado pela Transparência Internacional.
  • A desigualdade permanece em patamares elevados: 1% mais rico tem rendimento médio mensal per capita 31,2 vezes maior do que os 50% mais pobres. Em 2022, era 30,8 vezes.

Esses dados evidenciam que os problemas que o ESG se propõem em combater continuam crescendo e o aumento da urgência para soluções também. 

Novas regulamentações ambientais e sociais tem a tendência de surgir com critérios cada vez mais elevados. Organizações que se posicionarem desde já, evitam riscos como perda de credibilidade, desvantagem competitiva e gastos elevados futuros.

O ESG e a Sustentabilidade buscam atender às necessidades do presente, mas garantindo recursos naturais e o progresso humano para o futuro.

Nosso Posicionamento

Na We.Flow, reconhecemos que o ESG, como tradicionalmente apresentado, enfrenta desafios reais. Mas acreditamos que, independentemente do nome que se dê, o que importa é a essência do movimento: construir um futuro sustentável

Além disso, dados comprovam os benefícios do ESG:

  • Empresas com maior diversidade de gênero em cargos executivos têm 25% mais chances de lucratividade acima da média (McKinsey).
  • Boas práticas ESG levam a melhor desempenho financeiro a longo prazo (Harvard Business Review).
  • 85% dos investidores globais consideram critérios ESG em suas decisões (Morgan Stanley).

Por isso, estamos comprometidos em fazer diferente, com foco em impacto real e resultados concretos.

  • Foco em Resultados Concretos
    Nosso foco é em ações concretas que geram impacto real, com métricas claras e transparentes para medir avanços. Não se trata apenas de falar sobre sustentabilidade, mas de vivê-la no dia a dia empresarial, transformar impacto em cultura.
  • Integração com Estratégia de Negócio
    ESG não é um departamento à parte, mas um pilar estratégico do negócio. Alinhar práticas sustentáveis aos objetivos de mercado, demonstra que é possível gerar valor para acionistas, colaboradores e sociedade ao mesmo tempo.
  • Abordagem Humanizada
    ESG é sobre pessoas e deve ter uma abordagem humanizada, focada em criar conexões reais e em gerar valor para todos os envolvidos.

Conclusão

A era anti-ESG nos desafia a repensar e evoluir, mas não a abandonar os princípios fundamentais que moldam um futuro sustentável. Apesar das críticas e obstáculos, os desafios que o ESG busca enfrentar — como mudanças climáticas, desigualdade e corrupção — continuam a crescer em urgência.

A resposta não está em desistir, mas em transformar.

Na We.Flow, acreditamos que o ESG deve ir além de métricas inconsistentes ou discursos vazios. É hora de priorizar ações concretas, resultados mensuráveis e uma integração da sustentabilidade com as estratégias de negócio. Empresas que abraçam essa abordagem mitigam riscos futuros e criam valor duradouro para a sociedade e para si mesmas.

O futuro exige coragem para inovar e compromisso para agir.

O ESG é um caminho essencial para alinhar impacto positivo com crescimento sustentável. Podemos transformar desafios em oportunidades e construir um legado que inspire confiança e gere impacto real.

Foto de Raissa Santos

Raissa Santos

Profissional com experiência ONG’s e empresas privadas, atuando principalmente com Gestão de Projetos Socioambientais, Responsabilidade Social Corporativa, Gestão de Processos Financeiros/Administrativos e Certificações Internacionais, como a certificação de Empresa B. Raissa é co-fundadora e Diretora Administrativa da organização social Kurytiba Metropole que atua diretamente com o Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de vida, Democracia Participativa e Inclusiva e Equidade e Justiça Social. Como iniciativa destaque temos o Mapa das Desigualdades de Curitiba e região metropolitana que está sendo realizado em parceria com a Universidade Federal do Paraná – UFPR. Possui especialização em Empreendedorismo e Negócios Social (FAE Business School) e graduação em Gestão Financeira (Universidade Opet). É certificada em Relatos de Sustentabilidade baseados nos Padrões de Relatórios de Sustentabilidade da GRI (GRI Professional Certification Program) e em PMD Pro – Project Management for Development Professionals (APMG International).

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