Qual a relação entre as Mudanças Climáticas e a Diversidade?

As mudanças climáticas são reais e estão acontecendo em uma velocidade acelerada.

António Guterres, o Secretário-Geral das Nações Unidas, fez uma declaração impactante durante a abertura da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, COP 27. Ele enfatizou que estamos diante de uma escolha crucial: “A humanidade tem uma escolha: cooperar ou morrer. Ou um pacto pela solidariedade climática, ou um pacto pelo suicídio coletivo”.

O que são as mudanças climáticas?

As alterações no clima que estamos vivenciando são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima, incluindo o aumento da temperatura média, a intensificação de chuvas e a ocorrência de eventos climáticos extremos.

Essas mudanças acontecem naturalmente com as variações de ciclo solar. Porém, com a intensificação da industrialização, esse processo foi potencialmente acelerado. O aquecimento global, que é o aumento da temperatura média, é considerado pelos cientistas como principal resultado destas atividades, em especial a emissão abundante de CO₂ e de outros gases que contribuem para o efeito estufa.

Essas atividades incluem a queima de combustíveis fósseis, a agropecuária intensiva, fabricação de produtos, o descarte inadequado de resíduos sólidos, o desmatamento e o manejo inadequado da terra.

Como mudanças climáticas afetam nossa vida?

A Terra é um sistema vivo onde tudo está conectado, transformações em uma área podem influenciar significativamente diversas outras.

O aumento de temperatura é apenas a ponta desse complexo fio do novelo de alterações. Entre elas, podemos citar a ocorrência de secas intensas, escassez de água e alimentos, incêndios severos, aumento do nível do mar, inundações, derretimento do gelo polar, tempestades catastróficas e declínio da biodiversidade.

A exposição aos poluentes atmosféricos é uma preocupação crescente em regiões metropolitanas, sendo que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 50% das doenças respiratórias crônicas e 60% das doenças respiratórias agudas estão relacionadas a essa exposição.

Quais populações são mais afetadas pelas mudanças climáticas?

As mudanças climáticas têm um impacto significativo nos países do Sul Global, que geralmente possuem menos recursos e são mais vulneráveis à crise climática. A capacidade limitada de resposta a eventos climáticos extremos pode ter efeitos complexos, afetando a agricultura local e a segurança alimentar.

O contexto global de desigualdade faz com que grupos vulneráveis sejam mais atingidos pela crise climática.

Na COP27, no Egito, foi criado um fundo de perdas e danos para países mais afetados pelas mudanças climáticas.

Mulheres e crianças

Em 2021, na COP26, presidente da Conferência, Alok Sharma, destacou que clima e gênero estão intimamente interligados. As mulheres e meninas são afetadas de forma desproporcional pelo impacto das mudanças climáticas, correspondendo a 80% dos deslocados por desastres e mudanças climáticas em todo o mundo. Incentivar o movimento de mulheres e meninas nas políticas e ações climáticas é crucial para enfrentar os desafios climáticos atuais.

A participação ativa de mulheres pode gerar efeitos em cascata e ajudar na adaptação às mudanças climáticas. No entanto, o potencial feminino continua sendo negligenciado.

Populações negras e indígenas

Desastres e tragédias ambientais são mais graves para populações historicamente mais vulneráveis, esse fenômeno é chamado de Racismo Ambiental.

Philip Alston, relator especial sobre extrema pobreza e direitos humanos da ONU, apresentou relatório durante a sessão do Conselho de Direitos Humanos em Genebra, Suíça, alertando para as graves consequências sociais derivadas das mudanças climáticas, especialmente para populações negras e indígenas.

Segundo o relatório, a crise climática pode empurrar mais de 120 milhões de pessoas para a pobreza até 2030. O relator destacou que há um risco iminente de um “apartheid climático”.

Refugiados climáticos

Em 2021, o Banco Mundial publicou o relatório Groundswell, um dos dados chamou a atenção de forma alarmante.

Segundo o relatório, até 2050, cerca de 216 milhões de pessoas em seis regiões do mundo, incluindo a América Latina, de onde deve sair 17 milhões de migrantes, podem ser obrigadas a deixar seus países devido a eventos climáticos adversos. O relatório do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, reforça o alerta para o Brasil.

O aumento da temperatura e umidade pode ultrapassar os limites de sobrevivência, o que pode resultar na necessidade de migração para outras regiões do país. De acordo com um estudo citado, se as emissões continuarem a aumentar, as mortes por calor no Brasil podem aumentar em 3% até 2050 e em 8% até 2090.

Qual papel das organizações e empresas nesse contexto?

O Relatório do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA) mostrou que a maioria das empresas brasileiras reconhece que suas operações podem ser afetadas pelo clima. Por isso, consideram crucial desenvolver planos ou estratégias de adaptação à mudança do clima. Embora ainda não saibam exatamente como essas ações devem ser colocadas em prática, o fato é que o clima é uma preocupação global e as mudanças climáticas se tornaram urgentes para a próxima década e prioritária para os executivos.

Para isso, empresas estão se empenhando em cumprir a agenda ESG, conjunto de práticas voltadas para a preservação do meio ambiente, responsabilidade com a sociedade e transparência empresarial. A sigla ESG está sendo desmistificada e implantada nas empresas para alinhar seus propósitos com essas práticas, assumindo um papel cada vez mais relevante no desenvolvimento sustentável e sendo protagonistas em iniciativas que visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover práticas mais sustentáveis em seus processos produtivos.

E qual meu papel como indivíduo nesse cenário?

Governos e empresas têm papel central na preservação do meio ambiente e redução das emissões dos gases causadores do efeito estufa, mas a sociedade civil também pode fazer sua parte para reduzir o aquecimento global.

  • Optar por transportes coletivos;
  • Economia de água e energia elétrica;
  • Diminuição do volume do lixo;
  • Descarte correto de resíduos;
  • Consumo consciente;
  • Ações de mobilização cidadã;
  • Busca por informações confiáveis.

Saiba mais:

Painel de mudanças climáticas – https://paineldemudancasclimaticas.org.br/

Groundswell – https://openknowledge.worldbank.org/entities/publication/2c9150df-52c3-58ed-9075-d78ea56c3267

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Marcia Sobreira

Márcia é uma manauara extremamente curiosa e motivada pelas as questões sociais e ambientais. Sempre guiada pelo autoconhecimento, ao longo dos anos foi moldando a vida acadêmica e profissional a partir daquilo que a incomodava. Por quatro anos atuou na área de pesquisas acadêmicas, com a temática ambiental e sustentabilidade, no Amazonas e no Mato Grosso do Sul. Acredita no poder transformador do voluntariado e com ele, atuou durante 5 anos como voluntária na ONG TETO Brasil. Ao cursar o Programa de Agentes Socioambientais Urbano, da UMAPAZ, entendeu a importância da Educação Integral e da Cidade Educadora para o desenvolvimento sustentável que tanto buscou. Possui 10 anos de experiência em diversas organizações do terceiro setor e setor público, como Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo e Fundação Florestal. Por dois anos foi Coordenadora de Projetos na Junior Achievement, gerindo um portfólio de projetos de 15 empresas desenhando as ações de Responsabilidade Social Corporativa destas. Atuou no Instituto Unibanco na área de Planejamento Estratégico. Colaborou no INSPER na área de Relações Institucionais. Atualmente está finalizando o Mestrado em Gestão e Políticas Públicas (FGV-EAESP) como aluna de intercâmbio acadêmico na Universidade de Mannheim, na Alemanha, e estuda ESG e o impacto do Investimento Social Privado no Brasil. Possui certificações de Gestão de Projetos Sociais, PMD-Pro, Avaliação de Impacto e em Design Thinking, pela ECHOS – Escola de Design Thinking.

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